No Brasil, sem dúvida são os vírus que mais causam danos econômicos à cultura do tomate. Na última década, surtos epidêmicos de geminiviroses passaram a ocorrer em todas as regiões de plantio de tomate do Brasil, associados à introdução, no país, do novo biótipo de mosca branca, Bemisia tabaci biótipo B, também referida como B. argentifolii. Sendo a mosca branca um vetor muito móvel e com amplo círculo de hospedeiros, uma grande diversidade de espécies de geminivírus que estavam restritas às ervas daninhas migraram para plantas de tomate. Atualmente, pelo menos seis novas espécies de geminivírus já estão relatadas como pragas do tomateiro, mas sua distinção no campo por meio de sintomatologia é impossível. Em geral, os sintomas manifestam-se como clorose das nervuras (Figura 1), a partir da base da folha, seguido de mosaico amarelo, rugosidade e até mesmo enrolamento das folhas (Figura 2). Quando a infecção é precoce, as perdas são totais e o controle é muito difícil, por conta da alta população de mosca branca presente no campo. A transmissão do vírus pela mosca branca é do tipo persistente ou circulativa, isto é, uma vez adquirido o vírus, a mosca passa a transmiti-lo por toda a sua vida.
Pragas do Tomate: Risca do Tomateiro, Potyvirus, Topo-amarelo e Amarelo-baixeiro
Duas espécies de potyvirus aparecem também como doenças no tomateiro:
uma estirpe do vírus Y da batata (Potato virus Y – PVY) e o mosaico
amarelo do pimentão (Pepper yellow mosaic virus – PepYMV). A transmissão
desses vírus ocorre por meio de várias espécies de pulgões ou afídeos,
através de picadas de prova (transmissão não persistente); portanto, a
transmissão do vírus se dá em segundos. As formas aladas são mais
importantes, epidemiologicamente, do que as formas ápteras. As infecções
após a floração são menos danosas. O sintoma do PVY na cultura de tomate manifesta-se como mosaico e necrose generalizada das nervuras das folhas, ficando a planta de tomate com aparência de pinheiro de Natal.
Essas pragas do tomate são
causadas por vírus de um mesmo grupo (Luteovirus), ao qual também
pertence o vírus-do-enrolamento-da-folha da batata. A doença
topo-amarelo caracteriza-se pela presença de folíolos pequenos, com
bordas amareladas e enroladas para cima, assemelhando-se a pequenas
colheres. As plantas com amarelo-baixeiro apresentam as folhas de baixo
geralmente amareladas e cloróticas (Figura 3). A transmissão é
exclusivamente dos pulgões, que, uma vez tendo adquirido o vírus, pode
transmiti-lo por toda a vida. A ocorrência dessas doenças do tomate é esporádica, mas surtos epidêmicos podem ocorrer.
Principais Doenças do Tomateiro: Viroses do complexo do vira-cabeça
A vira-cabeça, doença do tomateiro, além de ser uma das principais doenças do tomateiro,
é causada por diversas espécies de tospovírus na família Bunyaviridae.
Dentre elas, seis ocorrem no Brasil, mas somente quatro infectam a plantação de tomate:
Tomato Spotted Wilt Virus (TSWV), Tomato Chlorotic Spot Virus (TCSV),
Groundnut Ringspot Virus (GRSV) e Chrysanthemum stem Necrosis Virus
(CSNV). As espécies TSWV, TCSV, GRSV e CSNV apresentam um vasto círculo
de hospedeiros, envolvendo mais de mil espécies botânicas,
principalmente das famílias Solanaceae e Compositae. No Brasil, as
espécies de tripes, Frankliniella occidentalis e F. shultzei são
importantes vetores dessas espécies de tospovírus. Uma peculiaridade da
transmissão desta praga do tomate pelo tripes é que o vetor
somente pode adquirir o vírus na fase larval, tornando-se posteriormente
capaz de transmiti-lo por toda a sua vida. Outra característica
particular na transmissão é que também a praga do tomateiro se
multiplica no vetor; então, a relação de transmissão é do tipo
propagativa. Em geral, os tospovírus causam grandes prejuízos
econômicos às plantas ornamentais e hortaliças. Surtos epidêmicos são
observados com freqüência, principalmente nas culturas de tomate, pimentão e alface.
As principais características observadas em plantações de tomate afetadas
são: bronzeamento ou arroxeamento das folhas, redução geral do porte da
planta , ponteiro virado para baixo e lesões necróticas nas hastes
(Figura 4). Quando maduros, os frutos de tomate apresentam
lesões anelares concêntricas (Figura 5). Não existem evidências de
transmissão por sementes. Atualmente existem no mercado várias
cultivares/híbridos de tomate mesa e tomate industrializado com resistência aos tospovírus, portadoras do gene de resistência Sw-5.
Doenças do Tomate: Mosaico-do-fumo e mosaico-do-tomateiro
A virose do mosaico-do-fumo,
causada pelo TMV (Tobacco mosaic virus), e a virose
mosaico-do-tomateiro, causada pelo ToMV (Tomato mosaic virus), infectam
diversas plantas, inclusive a cultura de tomate. As perdas variam conforme a época de infecção, sendo maiores em infecções precoces. Essas pragas do tomate,
causam freqüentemente infecção latente (assintomática), mas estirpes
graves podem induzir mosaico suave alternado com embolhamento foliar
(Figura 6). Um meio de transmissão muito eficiente é através de sementes
contaminadas. Já no campo, a transmissão desses vírus ocorre
exclusivamente de forma mecânica, por meio do contato direto entre
operários e a plantação de tomate.
Controle de Pragas do Tomateiro na Plantação
Para o controle de pragas,
devem ser tomadas medidas preventivas e em conjunto por todos os
produtores da região, pois não existem medidas curativas. Recomenda-se:
plantar sementes de boa procedência; produzir mudas em viveiro ou telado
à prova de insetos e em local isolado de campos cultivados com plantas
hospedeiras, principalmente solanáceas e compostas; manter sempre limpas
as mãos, instrumentos e implementos, lavando-os com sabão ou detergente
após cada operação; nunca fumar durante o manuseio das mudas; evitar
plantios seqüenciados e, se isso não for possível, não fazer novos
plantios ao lado de campos abandonados com alta incidência de viroses;
controlar adequadamente as plantas daninhas.
A aplicação de inseticidas não tem qualquer efeito no controle de pragas
de transmissão não-persistente, como os potyvirus. Para vírus
transmitidos de forma persistente ou circulativa, a utilização de
inseticidas pode ter um efeito de reduzir a incidência da doença, desde
que as medidas anteriores tenham sido observadas.
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